quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A desertificação na Bahia


A região do semiárido baiano é caracterizada por acentuado índice de pobreza, médias pluviométricas muito baixas e temperatura média elevada que lhe confere grande susceptibilidade à desertificação. A desertificação é um processo resultante da ação antrópica a partir do uso e manejo inadequado do solo, que intensifica os processos erosivos. Os principais fatores que levam a exposição dos solos aos agentes da erosão são o extrativismo vegetal e mineral, assim como o superpastoreio das pastagens nativas ou cultivadas, além do uso agrícola de culturas que deixam o solo muito exposto.

O desgaste do solo também está associado à maior ou menor resistência da rocha à erosão. Por exemplo, a presença de determinados minerais e de estruturas em alguns tipos de rocha pode favorecer naturalmente processos erosivos. As bacias hidrográficas sofrem drasticamente os efeitos do processo de desertificação e por esse motivo, esta configura como um indicador para este fenõmeno.

vegetação influencia o escoamento superficial e a produção de sedimentos, uma vez que protege o solo do impacto da chuva, bem como diminuindo a velocidade de escoamento da água. A ausência da cobertura vegetal permite que a água retire a camada mais rica em sais minerais e nutrientes, com isso as novas sementes não germinam e o solo fica descoberto. Uma vez iniciado o processo erosivo, este pode ser acelerado se o substrato rochoso exposto contiver minerais ou estruturas geológicas que acentuem a erosão. Neste caso ocorrerá uma simultaneidade natural de fatores físicos e biológicos que favorecem a erosão, em uma região com características climáticas peculiares. Nestas circunstancias, a intervenção antrópica é critica e pode desencadear um processo de desertificação.

Vários fatores podem influenciar na vulnerabilidade ambiental, tais como, aspectos geomorfológicos, a declividade, a hipsometria, a ausência de chuvas, a litologia, o solo, a ausência da vegetação e, principalmente, a ação antrópica a partir da agricultura ou da pecuáriaA desertificação influencia diretamente a vida das pessoas, modificando a qualidade e as condições de vida das pessoas.

O pólo de Jeremoabo localizado no extremo norte da Bahia, se enquadra na classificação dos locais que estão passando pelo processo de desertificação, por esse motivo, estudos estão sendo realizados sobre esse local. Inclusive há um projeto da Universidade Estadual de Feira de Santana denominado “Análise ambiental no semiárido baiano como subsídio ao ordenamento territorial: a vulnerabilidade à desertificação no pólo de Jeremoabo”, que visa mapear a vulnerabilidade ambiental de Jeremoabo considerando seus aspectos físicos e biológicos com a finalidade de subsidiar o ordenamento territorial na região, utilizando-se de geotecnologias para mapear o uso e ocupação do solo e modelar o relevo.



Fenômeno de desertificação em Gilbués, onde os processos de erosão laminar e linear acelerados promoveram perda de horizontes superficiais do solo  e acarretaram assoreamento e desorganização da rede de drenagem. (Foto de Ivamauro A. de S. Silva, Janeiro de 2010).









Região do Raso da Catarina, no Norte da Bahia, também pertencente ao Pólo de Jeremoabo. (Foto de Aislan S. Carneiro, Novembro de 2012).

A vegetação do Semiárido


Na região do Semiárido, os principais tipos de vegetação são a caatinga, as florestas estacionais, os campos rupestres e o cerrado. Dentre os principais tipos de vegetação do semiárido, nenhum é mais característico do que a caatinga.
A caatinga o único bioma exclusivamente brasileiro, o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta. A caatinga ocupa uma área de cerca de 734.478 km², cerca de 11% do território nacional englobando de forma contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do Norte de Minas Gerais (Sudeste do Brasil).
Apresenta vegetação típica de regiões semiáridas com perda de folhagem pela vegetação durante a estação seca. Anteriormente acreditava-se que a caatinga seria o resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a Floresta Amazônica. Essa crença sempre levou à falsa ideia de que o bioma seria homogêneo, com biota pobre em espécies e em endemismos, estando pouco alterada ou ameaçada, desde o início da colonização do Brasil, tratamento este que tem permitido a degradação do meio ambiente e a extinção em âmbito local de várias espécies, principalmente de grandes mamíferos, cujo registro em muitos casos restringe-se atualmente à associação com a denominação das localidades onde existiram. Entretanto, estudos e compilações de dados mais recentes apontam a caatinga como rica em biodiversidade e endemismos, e bastante heterogênea.
Muitas áreas que eram consideradas como primárias são, na verdade, o produto de interação entre o homem nordestino e o seu ambiente, fruto de uma exploração que se estende desde o século XVI.
A vegetação da caatinga é adaptada às condições de aridez (xerófila).
Quanto à flora, foram registradas até o momento cerca de 1000 espécies, estimando-se que haja um total de 2000 a 3000 plantas. Com relação à fauna, esta é depauperada, com baixas densidades de indivíduos e poucas espécies endêmicas. Apesar da pequena densidade e do pouco endemismo, já foram identificadas 17 espécies de anfíbios, 44 de répteis, 695 de aves e 120 de mamíferos, num total de 876 espécies de animais vertebrados, pouco se conhecendo em relação aos invertebrados. Descrições de novas espécies vêm sendo registradas, indicando um conhecimento botânico e zoológico bastante precário deste ecossistema, que segundo os pesquisadores é considerado o menos conhecido e estudado dos ecossistemas brasileiros.
Além da importância biológica, a caatinga apresenta um potencial econômico ainda pouco valorizado. Em termos forrageiros, apresenta espécies como o pau-ferro, a catingueira verdadeira, a catingueira rasteira, a canafístula, o mororó e o juazeiro que poderiam ser utilizadas como opção alimentar para caprinos, ovinos, bovinos e muares. Entre as de potencialidade frutífera, destacam-se o umbu, o araticum, o jatobá, o murici e o licuri e, entre as espécies medicinais, encontram-se a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame, o marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó, entre outras.

O clima Semiárido brasileiro


     Segundo dados oficiais do Ministério da Integração, o Semiárido brasileiro abrange uma área de 969.589,4 km² e compreende 1.133 municípios de nove estados do Brasil: Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, Nessa região, vivem 22 milhões de pessoas, que representam 11,8% da população brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o Semiárido mais populoso do planeta.

        Caracterizando uma transição entre o clima seco e úmido, possuindo elevadas temperaturas (média de 27ºC) e chuvas escassas (em torno de 750 mm/ano), irregulares e mal distribuídas (longos períodos secos e chuvas ocasionais concentradas em poucos meses do ano). Sofre a influência da massa tropical atlântica que, ao chegar à região, já se apresenta com pouca umidade.

        É definido por quatro dos principais sistemas de circulação atmosférica.  As altas temperaturas (cerca de 26o C) com pequena variação interanual exercem forte efeito sobre a evapotranspiração que, por sua vez, determinam o déficit hídrico, mas, isso não significa falta de água. Pelo contrário, é o semiárido mais chuvoso do planeta: A média pluviométrica vai de 200 mm a 700 mm anuais, dependendo da região. Porém, as chuvas são irregulares no tempo e no espaço. Além disso, a quantidade de chuva é menor do que o índice de evaporação, que é de 3 mil mm/ano, ou seja, a evaporação é três vezes maior do que a de chuva que cai. 

      Isso significa que as famílias precisam se preparar para a chegada da chuva. Ter reservatórios para captar e armazenar água é fundamental para garantir segurança hídrica no período de estiagem, a exemplo das cisternas domésticas, cisternas-calçadão, barragens subterrâneas e dos tanques de pedra. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

As bacias hidrográficas e a desertificação

          As bacias hidrográficas são importantíssimas para que haja a sistematização dos ambientes. A bacia hidrográfica  é usualmente definida como a área na qual ocorre a captação de água (drenagem) para um rio principal e seus afluentes devido às suas características geográficas e topográficas.

Os principais elementos componentes das bacias hidrográficas são os “divisores de água” – cristas das elevações que separam a drenagem de uma e outra bacia, “fundos de vale” – áreas adjacentes a rios ou córregos e que geralmente sofrem inundações, “sub-bacias” – bacias menores, geralmente de alguma afluente do rio principal, “nascentes” – local onde a água subterrânea brota para a superfície formando um corpo d’água, “áreas de descarga” – locais onde a água escapa para a superfície do terreno, vazão, “recarga” – local onde a água penetra no solo recarregando o lençol freático, e “perfis hidrogeoquímicos” ou “hidroquímicos” – características da água subterrânea no espaço litológico.

As bacias de regiões áridas e semiáridas, por exemplo, abrigam um diversificado mosaico de sistemas ambientais que sofrem expressivas transformações motivadas pelo processo histórico de uso e ocupação da terra. Diante de uma relação conflituosa entre sociedade e natureza nos sertões de clima semiárido, sobressai na bacia, a desertificação como consequência da degradação ambiental.

A influência do clima seco, a irregularidade pluviométrica, altas temperaturas, a exploração da vegetação para utilização em diversas atividades, a supressão da mata ciliar, as mais variadas formas de erosão, dentre outros fatores tem comprometido os recursos hídricos, principalmente pela exposição dos solos, que os torna mais vulneráveis à ação do vento, do sol e da chuva, provocando o assoreamento dos rios, riachos e açudes. Uma gama de fatores interfere para que as bacias hidrográficas sejam tidas como indicadores de desertificação.
Região do Raso da Catarina, no Extremo Norte da Bahia, pertencente ao Pólo de Jeremoabo. (Foto de Aislan S. Carneiro, Novembro de 2012).


Processo de assoreamento em um dos cursos d'agua da região de Gilbués, em ocorrência na estação de inverno,  quando as chuvas arrastam  enorme quantidade de sedimentos transportados em suspensão no escoamento  superficial ou enxurrada, fez o leito do rio desaparecer, dando origem ao terreno arenizado. (Foto de Ivamauro A.Sousa Silva, Janeiro de 2010).


O relevo e a vulnerabilidade à desertificação

A desertificação é um problema ambiental que ocorre em terras áridas, semiáridas e subúmidas secas. Além da dinâmica dos elementos e fatores climáticos, o fator mais intenso que colabora para a instalação da desertificação é a ação humana, sobretudo por meio das práticas da agropecuária, extrativismo mineral e vegetal, e, ainda, pelo uso de tecnologias impróprias, que gera pressões ambientais pelo uso inadequado dos recursos.

Em relação ao relevo, as áreas mais propícias para a instalação do processo de desertificação é justamente as áreas depressivas ou planificadas, uma vez que são nestas regiões que estão impetrados as mais variadas formas de ocupação do espaço. As terras agrícolas estão comprometidas pelo desmatamento e pela manutenção de uma atividade agropecuária ou pecuária extensiva. Tais práticas são responsáveis pelo aparecimento das erosões, que desencadeiam o processo de desertificação em estágio severo, como os núcleos de desertificação.

A degradação da terra se entende: a redução ou a perda da produtividade biológica ou econômica das terras agrícolas de sequeiro, das terras de cultivo irrigado, dos pastos, das florestas e dos bosques em zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas, pelos sistemas de utilização da terra ou por um processo ou uma combinação de processos, incluídos os resultantes de atividades humanas e padrões de povoamento.

A ocupação humana se dá de forma mais intensa em lugares de relevo aplainado e depressivo, uma vez que estes ambientes apresentam uma altitude relativamente propícia para sua ocupação. O desmatamento da vegetação existente nestes ambientes e o aumento de solo exposto, as queimadas para construção de áreas de pastagens e de cultivo com o tempo possibilita na intensa degradação do solo. As contínuas e inadequadas maneiras de manejo desses recursos fazem com que estes com o tempo esgotem suas propriedades, acarretando no empobrecimento de suas características.

À medida que a região ocupada perca suas propriedades, o homem se desloca para outras áreas, cometendo o mesmo ou até mais agressivo processo de ocupação e a utilização dos recursos. Consequentemente, estas áreas não suportam tais degradações e acabam resultando num indicador de desertificação, que somados à outros indicadores confirmam que o processo de tal fenômeno ambiental esteja se instalando em determinada região.

No contexto Geográfico, percebe-se que a apropriação do solo, do relevo, como suporte ou recurso, origina transformações que começam com a subtração da cobertura vegetal expondo o solo aos impactos pluvierosivos. Todavia, ocorrem alterações nas relações processuais, como as mudanças no jogo dos componentes de perpendicular, correspondente a infiltração, a paralela, assoreamento, agentes externos, escoamento superficial ou fluxo de terra (CASSETI, 1994).


Região de Rodelas, no extremo Norte da Bahia. Esta região integra um dos 13 municípios do Pólo de Jeremoabo para estudos da desertificação. Percebe-se uma area muito vulnerável, solo muito exposto, vegetação quase inexistente, relevo aplainado, solo muito arenoso. Esta area foi utilizada para pecuária extensiva. (Foto de Aislan S. Carneiro, Novembro de 2012).

A foto retrata a paisagem degradada pelo uso inadequados dos recursos naturais pelo ser humano. Forte presença de pecuária extensiva, desmatamento. (Foto de Aislan S. Carneiro, Novembro de 2012).


O solo

   A desertificação é um processo, no qual determinado solo, através de ações antrópicas e/ou natural, é transformado em deserto. Neste processo a vegetação se reduz, ou é completamente dizimada, através do desmatamento abrindo assim, portas para a erosão, uma vez que retirada a cobertura vegetal os solos ficam mais propícios a ações dos agentes externos como chuvas fortes e ventos – e que acabam por levar os nutientes do solo com suas ações - causando assim, o empobrecimento do solo, e consequentemente a erosão.
  
   O sertão nordestino possui 180 mil quilômetros de áreas afetadas pela desertificação, essa é a região com esse perfil mais populosa do mundo. A falta de chuva é o processo natural que mais contribui para a desertificação do solo, por outro lado, a ação humana pode induzir esse processo através do mau uso das terras agrícolas e da alta densidade demográfica em regiões propensas a isso. As áreas semiáridas, como o caso da Bahia são as que mais sofrem com o empobrecimento dos solos e a desertificação, uma vez que a sua característica de longos períodos com secas se tornam propicias e susceptíveis ao surgimento desses processos.
  
   A redução dos nutrientes dos solos pelo fator erosão gera vários problemas e prejuízos tanto para o ser humano quanto para o meio ambiente. Com a formação de áreas mais áridas, por causa do processo de desertificação, a temperatura local é aumentada, o nível da umidade do ar diminui dificultando assim, a vida do homem. A infertilidade do solo o desenvolvimento da agricultura é prejudicado, diminuindo a produção de alimentos, e consequentemente aumentando a fome e a pobreza.  

   No âmbito natural, o empobrecimento do solo, além dos processos de erosão já supracitados, também elimina a vida de milhares de espécies animais e vegetais, pois o ecossistema da região afetada é modificado radicalmente com o processo de desertificação do solo, desta forma percebe-se que o processo de destruição do potencial produtivo da terra por meio das atividades humanas provoca impactos  tanto ambientais, como sociais e econômicos.

Geologia

   As estruturas geológicas são bases rochosas, em que as formas de relevo são assentadas. As rochas que constituem o planeta Terra estão constantemente em processos de transformação, sejam esses processos exógenos (ações erosivas e agentes externos) ou endógenos (tectonismo, erupções vulcânicas). Tais processos ocorrem desde a formação do planeta e o conhecimento da geologia de determinadas localidades é importante, pois é a partir desta que se tem uma melhor analise do relevo e a dinâmica que ocorre nele.
Grande parte da estrutura da superfície do território brasileiro é antiga, ou seja, fazem parte do Paleozoico e do Mesozoico, constituindo, basicamente, por três estruturas geológicas: escudos cristalinos, bacias sedimentares e terrenos vulcânicos.

Escudos cristalinos: são áreas cuja superfície se constituiu no Pré-Cambriano, essa estrutura geológica abrange aproximadamente 36% do território brasileiro. Nas regiões que se formaram no éon Arqueano (o qual ocupa cerca de 32% do país) existem diversos tipos de rochas, com destaque para o granito. Em terrenos formados no éon Proterozoico são encontradas rochas metamórficas, onde se formam minerais como ferro e manganês.

Bacias sedimentares: estrutura geológica de formação mais recente, que abrange pelo menos 58% do país. Em regiões onde o terreno se formou na era Paleozoica existem jazidas carboníferas. Em terrenos formados na era Mesozoica existem jazidas petrolíferas. Em áreas da era Cenozoica ocorre um intenso processo de sedimentação que correspondem às planícies.

Terrenos vulcânicos: esse tipo de estrutura ocupa somente 8% do território nacional, isso acontece por ser uma formação mais rara. Tais terrenos foram submetidos a derrames vulcânicos, as lavas deram origem a rochas, como o basalto e o diabásio, o primeiro é responsável pela formação dos solos mais férteis do Brasil, a “terra roxa”.

Pecuária no Semiárido

   Pecuária é a atividade que envolve a criação de gado, a domesticação e a reprodução de animais,o termo gado envolve a criação de várias especies (vaca, boi, cavalo, porco, galinha). No Brasil existe o  circuitos pecuários são divisões geográficas estabelecidas por meio   de reunioes entre os  estados com os mesmas características, favorecendo estratégias específicas de combate a doenças que possa atingir o rebanho e comprometer a qualidade da carne animal. Existem cinco circuitos pecuários no país que são:
·        Circuito Pecuário Nordeste: Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte;
·        Circuito Pecuário Centro-Oeste: São Paulo, parte do Paraná, oeste de Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e parte de Tocantins;
·        Circuito Pecuário Sul: parte do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul:
·        Circuito Pecuário Leste: parte de Minas Gerais não incluída no Circuito Pecuário Centro-Oeste, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe:
·        Circuito Pecuário Norte: parte de Tocantins não incluída no Circuito Pecuário Centro-Oeste, Pará, Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e Amapá

   A pecuária é uma atividade comum no município de Jeremoabo- Ba; os rebanhos de maior representatividade são o bovino, com 48.947 e o caprino que contou com 37.747 cabeças em 2008 (IBGE, 2008).  O município também se destaca na produção de ovos de galinha, produzindo neste mesmo ano 104 mil dúzias. As áreas ocupadas pela pecuária, muitas vezes, é manejada sem planejamento, com remoção total da cobertura vegetal, o que torna o solo susceptível a variáveis externas, como a ação eólica, e o regime pluviométrico, que na região apresenta chuvas concentradas, podendo levar a lixiviação do solo, deslizamento de terras e o desenvolvimento de voçorocas.

Agricultura do Semiárido

   A história da agricultura no Brasil é conhecida pelo desenrolar de diferentes ciclos de produção de culturas especificas que vai desde a exploração do pau-brasil, cana-de-açúcar e outros, até posteriormente o café, caracterizados por períodos de prosperidade, devido à demanda externa, seguidos de grande depressão à medida que essa necessidade era saciada. A partir de 1960-1970, um novo período iniciou-se, provocando uma reestruturação quando os grandes produtores agrícolas dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, que buscaram elevar sua produtividade através da combinação de fatores de produção como (matéria-prima, energia, mão-de-obra, tributos dentre outros) na busca intensiva de maiores lucros em curto espaço de tempo, Segundo HEES (1983, pg 03):

“As transformações que se vêm processando na agricultura brasileira, em conseqüência da maior capitalização de suas atividades, têm repercutido diretamente sobre as relações de trabalho no campo, o que torna a situação dos trabalhadores rurais uma das questões mais importantes do âmbito das atividades agrárias.”

   Dentre as principais características desse “novo modelo” agrícola implantado a partir das regiões Sul e Sudeste do Brasil foram: desenvolvimento científico da agricultura, aumento no investimento de capital, sejam maquinários ou insumos. Este processo se refletirá no Estado da Bahia, principalmente através de dois processos: a abertura das fronteiras agrícolas do Extremo Oeste Baiano para a cultura da soja, e a criação do perímetro irrigado, no Norte do estado, às margens do Rio São Francisco.
   
   A região Nordeste do Brasil situa-se na zona climática do Semi-Árido que corresponde a uma das seis grandes zonas climáticas do Brasil. Abrange as áreas interioranas com isoietas com valor inferior a 800 mm anuais, sendo esta região denominada de Polígono das Secas, a qual é reconhecida pela legislação como sujeita a períodos críticos de prolongadas estiagens.
   O município de Jeremoabo está localizado na região nordeste do Estado, no Polígono das Secas, distante cerca de 370km da capital baiana, as suas terras foram primeiramente povoadas por índios tupinambás, de onde vem a origem etimológica da palavra, que significa "plantação de abóbora". A agricultura, pecuária e avicultura são a base da economia local, mesmo com o clima semiárido, possibilidades de chuvas de maio a julho e alto risco de seca.
   A agricultura em Jeremoabo é concentrada em áreas com disponibilidade de água, já que grande parte da agricultura praticada é irrigada. Na região encontram-se áreas plantadas de feijão, milho, tomate (culturas temporárias) e banana, coco, manga (culturas permanentes). Vale salientar que o município tem uma produção significativa de feijão e milho, o primeiro foi responsável em 2008 pela produção de 6.680 toneladas, enquanto o segundo respondeu por 20.592 toneladas do produto.
   
   A prática agrícola tem contribuído sobremaneira para o aumento das áreas antropizadas no município. A erosão do solo tem aumentado consideravelmente, em função da remoção da vegetação natural; de queimadas; do uso intensivo de agrotóxico e das condições inadequadas de preparo do solo.



domingo, 9 de dezembro de 2012

Consequências da desertificação



As consequências da Desertificação podem ser divididas em 4 grandes grupos, como mencionado a seguir:


Sociais:
  • Abandono das terras por parte das populações mais pobres (migrações);
  • Diminuição da qualidade de vida. aumento da mortalidade infantil e diminuição da expectativa de vida da população;
  • Desestruturação das famílias como unidades produtivas.


Econômicas e institucionais:
  • Queda na produção e produtividade agrícolas;
  • Diminuição da renda e do consumo das populações;
  • Desorganização dos mercados regionais e nacionais;
  • Desorganização do estado e inviabilização de sua capacidade de prestação de serviços;
  • instabilidade política.


Urbanas:
  • Crescimento da pobreza urbana devido às migrações;
  • Desorganização das cidades, aumento do desemprego e da marginalidade;
  • Aumento da poluição e problemas ambientais urbanos.


Recursos naturais e clima:
  • Perda de biodiversidade (flora e fauna);
  • Perda de solos por erosão;
  • Diminuição da disponibilidade efetiva de recursos hídricos devido ao assoreamento de rios e reservatórios;
  • Aumento das secas edáficas por incapacidade de retenção de água dos solos;
  • Pumento da pressão antrópica em outros ecossistemas.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A desertificação


Desertificação

A região do semiárido baiano, é caracterizado por acentuado índice de pobreza, médias pluviométricas muito baixas e temperatura média elevada que lhe confere grande susceptibilidade à desertificação. A desertificação é um processo resultante da ação antrópica a partir do uso e manejo inadequado do solo, que intensifica os processos erosivos. Os principais fatores que levam a exposição dos solos aos agentes da erosão são o extrativismo vegetal e mineral, assim como o superpastoreio das pastagens nativas ou cultivadas, além do uso agrícola de culturas que deixam o solo muito exposto.
 O desgaste do solo também está associado à maior ou menor resistência da rocha à erosão. Por exemplo, a presença de determinados minerais e de estruturas em alguns tipos de rocha pode favorecer naturalmente processos erosivos. As bacias hidrográficas sofrem drasticamente os efeitos do processo de desertificação e por esse motivo 
A vegetação influencia o escoamento superficial e a produção de sedimentos, uma vez que protege o solo do impacto da chuva, bem como diminuindo a velocidade de escoamento da água. A ausência da cobertura vegetal permite que a água retire a camada mais rica em sais minerais e nutrientes, com isso as novas sementes não germinam e o solo fica descoberto. Uma vez iniciado o processo erosivo, este pode ser acelerado se o substrato rochoso exposto contiver minerais ou estruturas geológicas que acentuem a erosão. Neste caso ocorrerá uma simultaneidade natural de fatores físicos e biológicos que favorecem a erosão, em uma região com características climáticas peculiares. Nestas circunstancias, a intervenção antrópica é critica e pode desencadear um processo de desertificação.
Vários fatores podem influenciar na vulnerabilidade ambiental, tais como a declividade, a hipsometria, a ausência de chuvas, a litologia, o solo, a ausência da vegetação e, principalmente, a ação antrópica a partir da agricultura ou da pecuáriaA desertificação influencia diretamente a vida das pessoas, modificando a qualidade e as condições de vida das pessoas.
O pólo de Jeremoabo localizado no nordeste da Bahia, se enquadra na classificação dos locais que estão passando pelo processo de desertificação, por esse motivo, estudos estão sendo realizados sobre esse local. Inclusive há um projeto da Universidade Estadual de Feira de Santana denominado “Análise ambiental no semiárido baiano como subsídio ao ordenamento territorial: a vulnerabilidade à desertificação no pólo de Jeremoabo”, que visa mapear a vulnerabilidade ambiental de Jeremoabo considerando seus aspectos físicos e biológicos com a finalidade de subsidiar o ordenamento territorial na região, utilizando-se de geotecnologias para mapear o uso e ocupação do solo e modelar o relevo.